Tops 2022

Elvis Rodrigues
11 min readJan 6, 2023

Esta deve ser a última postagem longa deste “blog”. E como sempre, no encerramento de um ano, eu gosto de fazer uma análise do que veio, das metas estabelecidas e do que mais gostei naquele ano. Antes de mais nada, deixo claro que eu não sou obsessivo com essas metas. Quantos filmes ou livros ou noites bem dormidas são dados que eu não fico somando durante o ano. Apenas essa semana, quando digitalizei as estatísticas que contabilizo em meu Bullet Journal e quando chequei quais as metas definidas um ano atrás, que percebi quais alcancei e quais não.

2022 foi mais um ano agridoce. Um ano de muita mudança na minha vida. De poucas viagens, mas significativas. De consolidação de amizades. De compreensão de mim mesmo. Estou morando sozinho pela primeira vez e em alguns dias tem sido desafiador resistir à preguiça de cozinhar para uma só pessoa ou à vontade de sair e comer algo gostoso mas não tão saudável. Nessa transição eu me descuidei da alimentação, das atividades físicas e também dos estudos. Mas ao mesmo tempo cuidei um pouco da minha saúde mental e fiz planos. A newsletter é um objetivo inteiramente pessoal que eu quero alcançar agora. Algo que não vai me trazer benefícios muito concretos, além da realização de continuar escrevendo essas bobagens mas agora de maneira mais organizada e rotineira.

Metas de Entretenimento

  • Ler 10 revistas em quadrinhos: li 16! :D Nove dessas foram os volumes de Saga, que estavam no planejamento pra 2022. Não reli Sandman e não sei quando farei isso. Manterei para 2023 a meta de 10 HQs;
  • Ver 300 episódios de séries: vi ótimos 351, chegando perto de um episódio por dia, o que é uma estatística bem interessante. Vi episódios de 35 séries diferentes! Este ano eu não maratonei praticamente nada, vendo apenas 62 episódios de Star Trek, divididos entre Deep Space Nine e Voyager. A maior maratona foi de Dickinson, pois assisti aos 30 episódios das três temporadas em sequência. Também repetirei o objetivo de ver 300 episódios;
  • Ler 30 livros: li 24 apenas. Mas é um número bom, uma média confortável de dois por mês. 11 destes foram no PistoLendo (em dezembro lemos uma HQ) e os outros 13 da minha lista pessoal. Quero ler 24 novamente este ano;
  • Ver 70 filmes: vi 81. Parece que eu sempre oscilo nessa meta, hahaha. Vou voltar para 80, que tinha sido a de 2021 que eu não cumpri. Lamentavelmente vi apenas um brasileiro e um documentário. Mas fui ao cinema 16 vezes!!! Será que um dia voltarei à marca de ver quase um filme no cinema por semana? Pena que ande tudo tão caro. Apenas três dos filmes foram revisitas e além dos 81 vi um curta-metragem. 18 dos filmes foram longas da franquia 007, nenhum realmente bom até agora. Vi a era Connery, o do Lazenby, a era Moore, os do Timothy Dalton e os apócrifos Casino Royale em paródia e Connery mais velho. Para 2023 devo ver os quatro Pierce Brosnan e os cinco Daniel Craig. No caso, rever porque oito desses nove eu vi na época de seus lançamentos (sim, eu vi GoldenEye no cinema);
  • Ouvir 1.000 episódios de podcast: ouvi 1.190, praticamente a mesma quantidade de 2021 (apenas nove a mais), mas com 83.721 minutos, quase dois mil a mais. Isso dá 1.395 horas ou 58 dias. Tou me aproximando cada vez mais dos dois meses, hahaha. O campeão foi o Flash Forward, com 95 episódios ouvidos (e ainda não acabei, tem um bom material para 2023 também), seguido do Pavio Curto, com 76 (porque eu decidi reouvir os antigos). Os seguintes são os semanais The Skeptics’ Guide to the Universe (53), Foro de Teresina (52) e Naruhodo (51). Mas em minutos o líder, claro, é o longuíssimo Xadrez Verbal, que somou 9.185 minutos, seguido de longe pelo já citado Skeptics’ com 5.712 minutos, pelo Pavio Curto e seus 4.695 minutos, pelo Flash Forward com 4.590 e pelo Pistolando com 4.135. Para 2023 quero ouvir 1.000 novamente, é uma margem boa.

Melhores do Ano

Revistas em Quadrinhos

Menções Honrosas: One Piece e Junji Ito — Fragmentos do Horror
3 — Paradise Kiss
2 — Angola Janga
1 — Saga

One Piece teve enfim seu centésimo volume. Está tudo empolgante e realmente com cara de que vai rumar para o final. Vários mistérios da época de Gol D. Roger já foram esclarecidos. Já Fragmentos do Horror foi um interessante primeiro contato com o Junji Ito, espero ler mais. Paradise Kiss, bem, foi como consegui ler mais da Ai Yazawa, já que ela não voltou a publicar Nana. E é maravilhoso, a vibe é similar, apenas mais curto e menos desenvolvido. Angola Janga é leitura obrigatória sobre um pedaço cruel de nossa história. Mas Saga é mais a minha cara, space opera, reviravoltas uma atrás da outra… Vem aí o volume 10!

Capa de Fragmentos do Horror, mangá de Junji Ito, com um homem imitando o quadro O Grito, de Edward Munch, sinuoso e com as mãos na cabeça enquanto parece gritar.

Séries de TV

Menções Honrosas: Devs, Andor e Game of Thrones: A Casa do Dragão
5 — Star Trek: Voyager
4 — Estação Onze
3 — O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder
2 — His Dark Materials
1 — Dickinson

Devs eu vi com atraso e gostei demais, principalmente do início. Andor é a série mais madura de Star Wars, com personagens bem construídos e mostrando um lado mais realista do universo concebido pelo George Lucas. E A Casa do Dragão foi como as melhores temporadas de Game of Thrones, com um elenco incrível e tecnicamente impecável.

Voyager começou muito bem e eu nunca gostei tão rapidamente de uma série de Star Trek, mas vi apenas duas das sete temporadas, então vamos ver como continua. Estação Onze me impactou demais, especialmente a estrutura desordenada que permite as revelações mais chocantes. Os Anéis de Poder me deslumbrou. Tem muitas coisas a melhorar mas eu amei demais estar dentro da Terra-Média novamente, e agora com menos computação gráfica que nos filmes de O Hobbit. Mas a grande surpresa dessa reta final de ano foi a última temporada de His Dark Materials. Faz muitos anos que eu li os livros e não lembrava mais de certos eventos, então fui realmente tocado por algumas das passagens.

Mas não tinha como outra série que não Dickinson ocupar a primeira posição desta lista. Eu me apaixonei completamente pela Emily, pelo desenvolvimento da série e, particularmente, pela linguagem adotada pela criadora Alena Smith, muito inteligente e avant-garde, seja na trilha, nas aberturas, nos delírios da protagonista, na forma como os poemas aparecem nos episódios… É perfeita. Eu dei 5 estrelas para 15 dos 30 episódios, então só vejam!

Cartaz horizontal de Dickinson, com Emily de vestido azul do lado direito olhando para a câmera, o nome Dickinson estilizado de branco e vários desenhos ao redor, de pássaros, flores e até um esqueleto.

Podcasts

Menções Honrosas: Naruhodo, Projeto Humanos e Bobagens Imperdíveis
5 — Raízes
4 — The Community Library
3 — Pistolando
2 — Xadrez Verbal
1 — Projeto Querino

O Naruhodo segue o mesmo, sempre impressiona a riqueza das análises e a simplicidade das explicações. Altamira, a temporada atual do Projeto Humanos, está impressionante! Se inicialmente é menos impactante que O Caso Evandro, desta vez o Ivan Mizanzuk está estruturando muito melhor o roteiro e o ponto onde está agora é o ápice da temporada. Já o trabalho da Aline Valek no Bobagens Imperdíveis é sempre primoroso, pena que aparentemente o podcast chegou ao fim.

O Raízes foi uma ideia muito interessante, de contar a história de uma família, narrando cada geração, com entrevistas e uma trilha e edição primorosas. Já o The Community Library foi uma das descobertas mais interessantes de 2022, um podcast de Literatura cuja host é a jovem atriz australiana Angourie Rice (que está na trilogia mais recente do Homem-Aranha como a Betty Brant) e que discute assuntos literários com muita pesquisa e embasamento. O Pistolando e o Xadrez Verbal são meus podcasts favoritos de maneira geral, estão sempre aqui nos tops.

O destaque do ano foi o Projeto Querino, que conta a história dos negros e do racismo no Brasil, fazendo ligações que eu nunca havia imaginado, escancarando como a nossa sociedade foi inteiramente construída em cima do racismo e por isso este é um problema estrutural e não dá para resolver do dia para a noite. Destaque máximo para o episódio com a história da música negra, que me arrepiou do início ao fim.

Logo do Projeto Querino, com linhas geométricas suaves num fundo claro, a palavra “projeto” menor com fonte branca em fundo laranja e “querino” em letras pretas e fortes, também com elementos geométricos.

Livros

Menções Honrosas: Senciente Nível 5 — Carol Chiovatto, A Vida Mentirosa dos Adultos — Elena Ferrante e Príncipe Lestat e os Reinos de Atlântida — Anne Rice
5 — O Urso e O Rouxinol — Katherine Arden
4 — O Mistério do Carneiro de Ouro — Thiago Lee
3 — Violeta — Isabel Allende
2 — A Quinta Estação — N. K. Jemisin
1 —Os Despossuídos — Ursula K. Le Guin

Senciente Nível 5 traz personagens interessantes, uma ótima construção de mundo e uma aventura com boas doses de tensão. Já A Vida Mentirosa dos Adultos, embora não alcance jamais o nível da Tetralogia Napolitana, é uma interessante história de amadurecimento. Inclusive acaba de estrear uma minissérie adaptando o livro! Da Anne Rice eu fiquei em dúvida entre escolher o penúltimo ou o último romance das Crônicas Vampirescas, mas acabei optando pelo penúltimo devido ao trecho da história de Atlântida, pois Rice sempre brilhava nesses momentos de contar uma história do passado dos personagens.

O Urso e O Rouxinol me fascinou ao usar dos contos de fadas russos para contar uma história meio fantástica e bem fabulesca. Já O Mistério do Carneiro de Ouro é um livro para pré-adolescentes mas que me divertiu demais. Violeta, por outro lado, trouxe toda uma atmosfera latino-americana numa dessas longas histórias de vida, repleta de personagens dos mais fascinantes.

A Quinta Estação tem dois principais trunfos: a construção de mundo, que é totalmente diferente do que estamos habituados no que diz respeito a fantasia e ficção científica; e a estrutura, que permite uma grande revelação no final da história. Espero ler os demais volumes em breve. Mas nada que eu li esse ano se comparou a Os Despossuídos, uma obra que me marcou de tal forma que ocasionalmente me pego pensando na estrutura social anárquica construída pela Ursula na história e como seria viver numa sociedade assim. É ficção científica socio-antropológica!

Capa do livro Senciente Nível 5, com uma cidade moderna e estilizada e a noite ao fundo com várias luas ou planetas no céu.

Filmes vistos pela primeira vez em 2022

Menções Honrosas: Não! Não Olhe!, No Ritmo do Coração e Avatar: O Caminho da Água
10 — Marte Um
9 — A Pior Pessoa do Mundo
8 — Mães Paralelas
7 — Top Gun: Maverick
6 — Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo
5 — Argentina, 1985
4 — RRR
3 — A Vida Depois de Yang
2 — Licorice Pizza
1 — Drive my Car

Não! Não Olhe! é o Jordan Peele provando que pode novamente fazer um longa de horror muito bem construído e completamente diferente dos predecessores. No Ritmo do Coração não merecia ter ganhado o Oscar, mas eu acho o filme muito fofo e sou dos defensores. Já a continuação de Avatar me venceu pelo deslumbre de suas paisagens e pelo desenvolvimento dos personagens.

Por outro lado, Marte Um encanta por sua sensibilidade poética e pelo elenco incrível. A Pior Pessoa do Mundo e Mães Paralelas são ambos centrados em figuras femininas fortes, sendo o primeiro mais focado na juventude e o segundo na maternidade. Ambos me impactaram muito pelas atrizes.

Maverick é o Tom Cruise no auge, né? O grande astro cinematográfico dos nossos tempos, sempre testando seus limites. O terceiro ato deste filme é inacreditável, uma das melhores cenas de ação dos últimos anos. Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo foi divisivo para alguns, que acharam meio over e despropositado, mas eu gostei muito e torço demais pela Michelle Yeoh nas premiações. Por sua vez, Argentina, 1985 não tem grandes arroubos na parte técnica, embora eu goste de cenários, figurinos e maquiagem, mas me refiro à estrutura e à direção mesmo. Porém, o clímax e a atuação do Darín são o bastante para garantir a posição que ocupa neste top.

RRR é o over do over, uma cena mais exagerada que a anterior, muita emoção e melodrama, grandes reviravoltas e um sentimento revolucionário recompensado com ação insana e danças surreais, afinal é indiano. Já A Vida Depois de Yang é a surpresa da lista, uma vez que pouca gente assistiu. Eu apreciei muito a delicadeza com que trata o tema, que me é muito caro. E Licorice Pizza é o Paul Thomas Anderson fazendo o que faz de melhor.

Mas meu favorito em 2022 foi mesmo Drive my Car, uma história de amizade e de reflexão, com elenco excepcional, mas principalmente um ritmo suave e que progressivamente nos encaminha para o momento catártico do final.

Infelizmente eu vi poucos clássicos em 2022, de forma que não pude citar filmes mais antigos na lista.

Cena do filme Drive my Car, com um carro vermelho estacionado ao lado de um muro com água ao fundo, pode ser o mar ou um lago, pois tem terra bem no fundo. No assento do motorista, uma garota japonesa de boné e encostado do lado de fora do carro um cara de calça, camiseta e um casaco pretos, olhando para o vazio.

Lista das postagens mensais com comentários mais detalhados:

Estatísticas Pessoais

Sem maiores enrolações, vou direto às metas não alcançadas que contabilizo no meu Bullet Journal.

Se ano passado eu me exercitei pouco, nesse o fiz menos ainda, apenas 55 dos 120 dias pretendidos. E me alimentei bem em 127 dias dos 240 desejados. Esse é o ponto principal que preciso mudar em 2023. Nunca estive tão mal de forma física, me sinto cansado mais rápido e tem sido difícil me controlar na alimentação. Manterei a meta dos 120 dias de atividades físicas e baixarei para 200 a de me alimentar de maneira saudável. Mas eu pretendo de fato me engajar numa academia, ou pegar um personal por alguns meses até entrar no ritmo. Chega!

Também planejei estudar por 250 dias e o fiz em apenas 110, menos da metade. Eu de fato tive vários períodos de muita turbulência, procurando apartamento, depois encaixotando coisas, arrumando, é muito difícil fazer todas essas atividades extras enquanto o trabalho continua. Em 2023 quero estudar 200 dias.

Planejei ler 30 minutos em 300 dias do ano e fiz isso em 288. Está satisfatório, não reclamarei dessa e manterei o objetivo das 300. Também comecei a registrar em 2022 os dias em que vi algum episódio de série, o que aconteceu em 225 dias do ano. Pretendo fazer isso em 200 dias deste novo ano.

Por fim, o sono… Eu queria ter melhorado mas piorei, não alcancei 6h30 de média em nenhum dos meses do ano. E só passei de 6h em três destes. Entendo de tudo isso que eu preciso de fato organizar bem o meu dia. Provavelmente terei que me forçar a ficar menos tempo online e no Telegram, para conseguir cuidar da minha saúde. Afinal vou completar 40 anos daqui a um mês, a hora de me cuidar é esta.

Deixo agora todos os gráficos de dias em que alcancei cada um dos objetivos, seja ler 30 minutos, estudar uma hora, etc. E ao final a média de sono mensal e a evolução ao longo do ano. As horas de sono foram mais ou menos estáveis, com uma sutil tendência de alta.

Gráfico do número de dias em que fiz exercícios por mês, com o eixo horizontal representando os meses e o vertical os dias. Barras azuis em cada mês sinalizam o número e uma linha vermelha segue a tendência. O mês mais alto foi agosto com 13 e de março a julho ficou zerado.
Gráfico do número de dias em que me alimentei bem por mês, com o eixo horizontal representando os meses e o vertical os dias. Barras azuis em cada mês sinalizam o número e uma linha vermelha segue a tendência. O mês mais alto foi agosto com 21 e o mais baixo junho com 3.
Gráfico do número de dias em que estudei uma hora por mês, com o eixo horizontal representando os meses e o vertical os dias. Barras azuis em cada mês sinalizam o número e uma linha vermelha segue a tendência. O mês mais alto foi janeiro com 24 e os mais baixos maio, junho, julho e dezembro, zerados.
Gráfico do número de dias em que li 30 minutos por mês, com o eixo horizontal representando os meses e o vertical os dias. Barras azuis em cada mês sinalizam o número e uma linha vermelha segue a tendência. O mês mais alto foi março com 27 e o mais baixo novembro com 19.
Gráfico do número de dias em que vi um episódio de série por mês, com o eixo horizontal representando os meses e o vertical os dias. Barras azuis em cada mês sinalizam o número e uma linha vermelha segue a tendência. O mês mais alto foi outubro com 26 e o mais baixo novembro com 12.
Gráfico da média de horas de sono por mês, com o eixo horizontal representando os meses e o vertical as horas. Barras azuis em cada mês sinalizam o número e uma linha vermelha segue a tendência. Os meses mais altos foram abril e junho com 6,12 e o mais baixo março com 5,60.
Gráfico de tendência das horas de sono por dia, com o eixo horizontal representando os dias do ano e o vertical as horas de sono. Uma linha azul subindo e descendo marca as horas dormidas por dia e uma linha vermelha segue a tendência. O gráfico é relativamente estável ao redor das 6h.

E é assim que chegamos ao fim, meus esparsos mas queridos leitores. Em breve virei aqui deixar o link para inscrição na minha newsletter. Um excelente 2023 para todos!

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