Junho/2022

Elvis Rodrigues
7 min readJul 3, 2022

Chegamos na metade do ano, vocês conseguem aceitar esse fato assim, sem um suspiro sequer? Eu estou incrédulo. Minha vida parece estar em suspenso desde outubro ou novembro de 2021 e graças a isso tenho ainda mais dificuldades de perceber a passagem do tempo. Mas estou a alguns passos apenas de uma nova fase. Daqui a um mês quando estiver escrevendo sobre julho, o farei de um novo lar.

Em junho vi nove filmes, que é uma marca bem alta para mim fora da época do Oscar. Isso se explica porque tive férias na primeira metade do mês. Três desses longas foram clássicos de James Bond: Moscou Contra 007, 007 Contra Goldfinger e 007 Contra a Chantagem Atômica. Aos poucos estou caminhando na minha lenta maratona pela série. Estes três longas são melhores que o primeiro, mas nenhum chega a ser realmente ótimo. Goldfinger é o que mais gostei até agora. Estou fazendo uma lista no Letterboxd com meu ranking, cliquem aqui para acompanhar.

Outros três foram os filmes A Escolha Perfeita (Pitch Perfect), que me desapontaram. O primeiro chega a ser divertido, porque o plot da personagem da Anna Kendrick até oferece algo para nos distrair do humor do filme, que eu definitivamente não compro. Mas as cenas de música são as melhores. As duas continuações disputam pra ver qual a mais sem sal, infelizmente. O humor aumenta, a Rebel Wilson está mais presente, o plot sem graça, é lamentável. Apesar da Hailee Steinfeld.

Além dessas duas franquias, vi o ótimo e desesperador A Assistente, um retrato muito sutil das denúncias contra Harvey Weinstein e figuras similares. Vi no cinema o excelente Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo, e já estou desde já na torcida pela Michelle Yeoh nas premiações, porque ela é incrível! E, por fim, vi o pouco conhecido A Vida Depois de Yang, um filme de Ficção Científica que me tocou profundamente pela delicadeza com que aborda temas filosóficos. Um dos melhores que vi no ano, com certeza. Seguem notas e links para os reviews no Letterboxd:

Cartaz do filme After Yang, com a família do longa, as crianças na frente e os pais atrás, cada um olhando para um lugar diferente.

Também foi um mês prolífico em leituras, pois li quatro livros, um conto e um ensaio! Entre os livros os clássicos da ficção científica 2001: Uma Odisseia no Espaço e Crônicas Marcianas, do Clarke e do Bradbury, respectivamente. Os dois me desapontaram. E cada vez mais estou pronto para encerrar as leituras das obras dessa geração clássica e me concentrar dos anos 80 pra cá. Também li o livro O banquete dos deuses: conversa sobre a origem da cultura brasileira, do Daniel Munduruku, e o ensaio O Amanhã não Está à Venda, do Ailton Krenak, duas obras de autoria indígena pra um clube de leitura, as duas de não-ficção. E li duas obras do Thiago Lee: o excelente livro infanto-juvenil O Mistério do Carneiro de Ouro e o ótimo conto A Fogueira que Nunca se Apaga. Seguem reviews no Goodreads:

Capa do livro O Mistério do Carneiro de Ouro, com três crianças em cima, o título no meio, algum ser sobrenatural embaixo e um fósforo com chama azul.

No final do mês li o volume 101 de One Piece, que prepara o terreno para o que parece ser o encerramento dessa longa saga no País de Wano.

E vi 39 episódios de séries:

  • O episódio final da primeira temporada de Foundation: essa série me desapontou demais. Ainda pretendo ver a segunda temporada para ver se vão corrigir os rumos, mas eu acho que fizeram más escolhas. Tinha duas formas de adaptar Fundação. Eu acho que deveriam ter feito num estilo Black Mirror, com histórias isoladas, episódios mais longos (ou então dois para cada história), porque a trilogia original de livros é composta de histórias separadas por muitos anos. A outra opção é tentar conectar as tramas e essa foi a escolha dos showrunners. Poderia ter dado certo, mas o desenvolvimento não me agradou. Eu não me identifiquei com os personagens, não me importei se morressem ou nada;
  • Os quatro episódios finais de Obi-Wan Kenobi: não gostei do terceiro episódio, mas depois dele foi melhorando e encerra até bem. Aquém do que poderia ter sido para personagens tão icônicos, mas ainda aconchegante para os saudosos do Ewan McGregor no papel de Obi-Wan;
  • Os nove episódios da terceira temporada de Love, Death & Robots: menos arriscada do que as anteriores, com menos variação artística, acaba sendo a temporada mais fraca. Mas tem um episódio que gostei muito, de uma astronauta delirando com morfina enquanto tenta sobreviver em Io, uma das luas de Júpiter. O último episódio, Jibaro, também é interessante, com um visual interessantíssimo, mas se perde um pouco no caminho;
  • Os 10 episódios da primeira temporada de Yellowjackets: muito interessante essa história alternando duas épocas. Em 1996 as jogadoras de futebol estudantil do time Yellowjackets sofrem um acidente de avião e ficam 19 meses perdidas na mata. Em 2021, as sobreviventes lidam com o trauma e ameaças misteriosas. O elenco é maravilhoso, nas duas épocas, com destaque para Melanie Lynskey e sua dona de casa entediada, Juliette Lewis porralouquíssima e minha atriz favorita Christina Ricci fazendo uma personagem praticamente amoral e se divertindo muito no processo. O mistério é muito bem construído e não vejo a hora da segunda temporada sair;
  • Os três primeiros episódios de Ms. Marvel: eu nunca li os quadrinhos da personagem Kamala Khan, mas estou achando a série muito divertida, com um tom equilibrado entre humor e aventura e a atriz Iman Vellani é muito carismática, espero que siga carreira;
  • Os seis primeiros episódios da terceira temporada de The Boys: eu não sou o fã número um de The Boys, mas acho a série divertida, embora às vezes exagere nas premissas apenas pela violência. Não estou curtindo o arco de Hughie e Annie nessa temporada, mas por outro lado o Anthony Starr está no auge na sua interpretação do Capitão Pátria/Homelander, super caricato mas funciona;
  • Os dois primeiros episódios da segunda temporada de Star Trek — Voyager: começou muito bem essa segunda temporada, mas vamos ver se segura as pontas. Eu gosto de alguns personagens, mas temo pela repetitividade;
  • O primeiro episódio da quarta temporada de Westworld: ainda muito preliminar, mas vamos ver se a série consegue se recuperar de uma terceira temporada mediana;
  • Os três episódios da minissérie The Pursuit of Love: que delícia a narração da personagem da Emily Beecham, me deixou com muita vontade de ler o livro. Obviamente o centro da trama é sua prima, vivida pela Lily James com muita energia. Ótima minissérie de época.
Os personagens das duas épocas de Yellowjackets juntos em uma floresta
Os personagens de Yellowjackets

Foram 97 episódios de podcast ouvidos em junho, somando 6.481 minutos, assim distribuídos: 4 The Skeptics’ Guide to the Universe, 3 Viva Sci-Fi, 6 Flash Forward, 3 Hidden Brain, 1 Tortinha de Climão, 2 Cinemático, 1 Imaginary Worlds, 4 Foro de Teresina, 2 Estação 21, 1 Pavio Curto, 4 Naruhodo, 2 Our Fake History, 3 Pistolando, 1 Conversas Paralelas, 2 All About Agatha, 1 Bobagens Imperdíveis, 2 Xadrez Verbal, 1 Os 12 Trabalhos do Escritor, 1 Curta Ficção, 2 Lado B Notícias, 4 X-Ray Vision, 1 Eis a Questão, 2 Lado B do Rio, 1 Feito por Elas, 3 30:MIN, 1 Fora de Prumo, 2 Dragões de Garagem, 2 Pindorama, 1 Perguntar Não Ofende, 4 Intervalo de Confiança, 6 The Community Library, 1 Cálice, 5 Projeto Humanos, 2 Sábado sem Legenda, 1 Cinematório Impressão Crítica, 5 Dickinson Forevermore, 4 Pelas Barbas de Verne, 4 A Mulher da Casa Abandonada, 1 Passadorama Plantão e 1 Caixa de Ferramentas. Os destaques:

  • Our Fake History 156 — What Became of the Benin Bronzes? (Part III): a conclusão de uma trilogia sobre os bronzes do antigo Benin, eu ouvi ontem mesmo a notícia de que a Alemanha está devolvendo uma parte;
  • Bobagens Imperdíveis 3.5 — A fama é uma ilusão mórbida feita de cera: sobre Marie Tussaud, a criadora de figuras de cera que teria seu nome imortalizado na série de museus Madame Tussaud;
  • Naruhodo 337 — Podemos confiar nas pesquisas eleitorais? — Parte 2 de 2: uma análise científica do funcionamento das pesquisas eleitorais;
  • A Mulher da Casa Abandonada — A Mulher: esse podcast está muito cativante, porque o Chico Felliti é um grande contador de histórias, e no primeiro episódio é eita atrás de eita;
  • Hidden Brain — Why You’re Smarter Than You Think: por que testes de QI não necessariamente provam inteligência?
  • 30:MIN 387 — A Chegada e A História da Sua Vida: Ana Rüsche e Thiago Ambrósio Lage são os convidados para discutir o conto do Ted Chiang (que não li) e o filme que o adapta (um dos meus favoritos dos últimos anos);
  • Pavio Curto 74 — Especial de aniversário: 4 anos!: é uma delícia relembrar dos episódios antigos;
  • Conversas Paralelas 27 — Horror queer e literatura fantástica com Eric Novello: o Ivan é um ótimo entrevistador e o Eric é incrível, então é claro que o episódio é ótimo.

Até agosto, jovens!

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